Raio-X do investidor!

Autor: Marcel S. Cabral

Provavelmente todos nós conhecemos o raio-x como um equipamento muito empregado na área de saúde para avaliar o interior de nosso organismo.

Seu funcionamento se resume em emitir uma radiação que atravessa o ar e as partes “moles” do corpo, revelando uma imagem das partes “duras” em um placa de filme. Muito usado para avaliar se os ossos estão quebrados além de estudar arcadas dentárias.

E tratando de investimento, que metáfora podemos pensar para usar o termo raio-x?

Antes de tudo, o estímulo para escrever esse blog partiu de uma mensagem dias desses de um grande amigo.

Recebi dele o link para acessar um documento público que revela pesquisa da ANBIMA feita com o objetivo de conhecer os hábitos de poupança e investimento dos brasileiros.

Esse estudo complementa outro trabalho da associação que fala sobre os perfis das pessoas ao lidar com as finanças. Os resultados anteriores até mencionei em outro texto que está neste link: http://www.kbrcapital.com.br/blog/28-qual-o-seu-perfil.

Na pesquisa do raio-x do investidor, a ANBIMA usa essa metáfora para analisar questões como onde o brasileiro investe, onde busca informações, qual o conhecimento sobre questões econômicas, quais motivos de não investir, quais são as intenções futuras em relação ao investimento, dentre outras situações.

Os resultados foram obtidos a partir de uma amostra probabilística que considerou um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de dois pontos percentuais, o que significa que podemos extrapolar os resultados para a população que tenha características semelhantes aos respondentes. Ao todo foram entrevistadas mais de 3 mil pessoas, entre 5 e 19 de março de 2018, em 152 munícipios brasileiros, incluindo pessoas a partir dos 16 anos economicamente ativas.

É revelador o fato de que 40% dizem não poupar nada, 10% não estão nenhum pouco preocupados, enquanto outros 10% dizem ter esse compromisso e reservam parte da renda assim que o valor entra na conta.

São extremos que refletem a existência de grandes desafios para a educação financeira.

Decisões daqueles que economizaram em 2017 podem incentivar atitudes semelhantes. Esses que economizaram relatam que mudaram comportamentos para que sobrassem recursos para poupar, citando exemplos como a mudança do meio de transporte (deixando o carro e usando mais a moto e bicicleta), corte em despesas supérfluas e eliminação de vícios como beber e fumar.

A economia para esses serviu para que pudessem, em sua maioria (42%), adquirir algum produto financeiro, enquanto outros utilizaram as sobras para comprar terrenos, imóveis, veículos, quitar dívidas, cursos, etc.

A pesquisa ainda revela que há grande desconhecimento sobre os produtos financeiros que existem no nosso mercado, sendo que numa pergunta espontânea a maioria dos que conhecem algum produto citam a poupança (32%), que como já escrevi em outro texto é um importante produto para o financiamento do Sistema Financeiro de Habitação, mas a que oferece menor rentabilidade ao investidor quando comparamos com outros produtos no nosso mercado, como, por exemplo, os títulos públicos, que tiveram 8% das respostas espontâneas.

Mais ainda, a grande maioria (41%) busca informações sobre produtos de investimento com o gerente de banco que, como bem sabemos, tem seus conflitos de interesse para ofertar produtos mais favoráveis ao investidor, em função das metas que tem que cumprir.

A pesquisa, que pode ser consultada pelo link que está no fim do texto, mostra sinais do caminho que a educação financeira deve seguir para melhorar a relação do brasileiro com as finanças, porque, afinal de contas, esse raio-x apresentou que os investidores ainda têm alguns ossos quebrados.

Página do relatório:

http://www.anbima.com.br/pt_br/especial/raio-x-do-investidor-2018.htm

Relatório:

http://www.anbima.com.br/data/files/AE/31/E6/CB/52A356107653125678A80AC2/Relatorio-Raio-X-Investidor-PT.pdf