Quer dinheiro no mercado? Analise suas emoções!

Autor: Marcel S. Cabral

Quer ganhar dinheiro no mercado? Comece por uma autoanálise!

A frase acima foi só pra chamar sua atenção para o tema de emoções e comportamento.

E esse é um assunto que me instiga. Não sou psicólogo, mas com frequência leio pesquisas sobre o assunto. Entender o nascimento dessa curiosidade é um processo que me remete à lembranças dos tempos de graduação com estudos sobre a teoria do reforço e da aprendizagem, inseridas dentro do chamado Behaviorismo (quando li pela primeira vez os trabalhos de autores como Skinner e Pavlov).

Isso faz um tempinho e meu foco hoje é compreender a questão das emoções e do comportamento dos investidores.

Sabemos que esse assunto é bastante discutido em uma área denominada finanças comportamentais, que tem Daniel Kahneman como um de seus nomes mais importantes. Um renomado pesquisador que revelou a existência de uma série de vieses cognitivos apresentados nas tomadas de decisões financeiras. Em outras palavras, ele é o sujeito que explicou, por exemplo, porque é que nós alongamos prejuízo e encurtamos os lucros, isso em termos científicos.

Hoje, novamente,  esse assunto de emoções e o comportamento nos investimentos me saltou aos olhos, motivado pela leitura de um artigo chamado “Measuring investor´s emotions using econometric models of trading volume of stock exchange indexes”, escrito por três pesquisadores poloneses e publicado agora, fim de setembro, em uma revista de finanças.

Como a tradução indica, a ideia do trabalho dos autores é de mensurar as emoções dos investidores por meio de métodos que se utilizam de alguns indicadores técnicos bastante conhecidos no mercado.

Antes mesmo de avançar para discussão das emoções, os autores trazem evidências (citando outros trabalhos) indicando uma abordagem de operação em bolsa de valores que ora sim, ora não é bastante criticada por quem atua no mercado, seja ela a análise técnica.

É sabido que a principal aplicação dessa técnica é na antecipação (ou tentativa de antecipação) de tendências com o uso de dados históricos de distintas variáveis (como por exemplo o volume, a cotação, a média móvel, etc).

Do lado de quem a defende e a utiliza, o trabalho cita outro estudo que mostra algumas conclusões sobre as razões do uso dela, as quais incluem o fato dessa técnica ser utilizada para previsão de curto prazo além de que mesmo os grafistas continuam crentes na importância da psicologia de mercado e que a análise técnica possui um uso complementar.

Já do lado de quem ataca a abordagem, os motivos envolvem o fato de que mesmo o melhor método desse tipo de análise não pode predizer o futuro e os sinais de alguns indicadores são fortemente atrasados (por exemplo: caso das médias móveis). Além disso, também relatam que ninguém pode obter ganhos ou vantagens sobre outros investidores, dado o fato de que as ferramentas estão disponíveis a todos.

Essa dicotomia continua atual, tanto é que vemos (e também utilizamos) essa abordagem para algumas operações em Bolsa.

Entretanto, focado na ideia do comportamento, um ponto que achei bastante interessante no trabalho foi a explicação de porquê existe um número elevado de investidores que creem (um pouco forte essa expressão, mas tudo bem) na análise técnica.

A justifica desse ponto destaca não um, mas alguns argumentos que envolvem a ideia das finanças comportamentais.

O primeiro trata do reforço social que constrói crenças por opiniões repetidas de investidores, mesmo que elas sejam isoladas de evidências empíricas. Traduzindo, é ser influenciado por alguém que você se espelha mesmo que o que ele diz não possa ser provado.

O segundo aspecto é o pensamento seletivo que compreende o processo de se escolher algumas evidências que são consistentes com ideias já pré-estabelecidas, ou seja, é buscar apenas as provas que confirmem o que você quer acreditar, ignorando outras que não confirmam.

E o último ponto trata da Self-deception (algo como auto-decepção) que compreende o fato de se ter e manter crenças motivadas por desejos e emoções, mesmo que hajam fortes evidências contrárias.

Em resumo, tais autores destacam que o elevado uso de técnicas com baixa comprovação de resultados satisfatórios encontra suas raízes nas emoções humanas.

A continuação do trabalho deles descreve alguns métodos para estimar, as emoções dos investidores.

Nesse sentido eles argumentam que uma das ideias para mensurar o sentimento dos investidores é a de acompanhar o volume negociado, embora apresentem argumentos que contradizem tal fato ao relatar que as emoções estão presentes tanto em tendências claras de mercado (alta/ baixa) que podem ser sinalizadas por alterações dos volumes, assim quando não há tendências, nem alterações de volume.

Com o uso dos métodos eles concluem que a volatilidade tende a ser um bom fator que explica as emoções dos investidores.

Para não me delongar muito sobre a pesquisa, quem tem interesse em saber mais é só clicar aqui e descobrir mais sobre os achados deles.

De todo modo, não se esqueça, seja você principiante ou não na bolsa de valores, as emoções dominam seu comportamento, fique atento à elas e faça sua autoanálise!