Autor: Marcel S. Cabral
Já ouviu falar dos BRICS, originalmente BRIC? Termo cunhado há alguns anos, bastante conhecido na área econômica, representa as iniciais dos países com potencial de crescimento acelerado, sejam eles o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul.
Embora em aparente desuso nos dias de hoje, a ideia da menção desse grupo é retratar nações que apresentam as características de um mercado emergente.
Emergir por si só, significa sair à tona, aparecer, se mostrar e outras definições que encontramos nos dicionários.
É fácil entender essa definição quando pensamos em um submarino, mas quais seriam as características específicas quando refletimos sobre as nações e seus mercados? O que as faz vir à tona diante do mundo?
Em um apanhado de textos que fiz esses dias, encontrei uma definição simples para mercado emergente que compreende aquele que está passando por um processo de globalização. Embora o termo globalização seja um conceito de difícil conceituação (existem várias definições por aí), esse processo envolve algumas questões comuns, como:
- A regularização das contas de um país;
- A diminuição das barreiras para comércio e investimentos internacionais;
- O fluxo de capitais, junto com novas tecnologias e práticas avançadas de gestão entrando nos territórios;
- Um crescimento da taxa das fusões e aquisições, entre outras situações.
É certo que vemos notícias nos últimos anos que retratam um aparente processo inverso em grandes economias, basta pesquisarmos sobre as políticas protecionistas do governo americano.
Mas o caso é que aqui somos um país emergente, embora em função da crise de saúde passemos por um momento de recessão na atualidade. E diante disso fica uma pergunta, o que um investidor global (que pode ser você) leva em conta pra achar valorosas empresas (com potenciais de crescimento relevante) em mercados emergentes?
Um fator chave apresentado em trabalhos distintos é justamente a homogeneidade, ou seja, gostos, hábitos e práticas que sejam comuns em distintos mercados, tanto a nível individual, quanto organizacional.
Exemplificando, beber cerveja é um hábito global, certo? O óleo de soja é consumido na cozinha da sua casa e na China, exato? O Big Mac é feito de modo semelhante aqui e no Japão, não é? Pessoas postam suas rotinas nas mídias sociais mundo afora, né? Agora pense em outras situações que são homogêneas além das fronteiras. Para facilitar pense nas fronteiras do seu bairro e avance a reflexão para a cidade, estado e país.
É claro que encontrar empresas que tenham produtos e serviços com potencial de cruzar fronteiras é um trabalho tal qual procurar uma agulha no palheiro (não me veio uma metáfora melhor, mas considere essa como exemplo).
Ocorre que quando consideramos mercados emergentes, tal como vimos sobre a globalização, podemos pensar em um processo que envolve algumas situações padrões, que ajudam a entender o macroambiente que devemos estar atentos. Exemplos de algumas delas:
- Gatilhos econômicos: aumento da desregulamentação, liberalização e outras questões;
- Ondas de comércio e investimentos locais e estrangeiros: Aqui podemos pensar nos FDI (traduzindo as iniciais, seria algo como investimento direto estrangeiro) que podem ser direcionados pra determinadas indústrias, o que nos faz prestar mais atenção nelas.
- Reestruturação de companhias adquiridas: O famoso turnaround, que visa deixar as empresas mais eficientes. Aqui um clássico é falar sobre a onda de fusões e aquisições das empresas americanas na década de 80, que elevou o valor de mercado das empresas ineficientes de modo significativo.
Essas são as fases iniciais para entendermos os fatores que podem afetar os negócios que nos rodeiam (estejam eles no seu bairro ou pelo país todo), além, óbvio, das técnicas que podemos utilizar, como fluxo de caixa descontado, opções reais e outras que são alimentadas com as informações qualitativas que temos do mercado.
É certo que dado o momento de crise atual, provocado pelo COVID-19, novos fatores devem ser considerados, mas se você quer desenvolver seu lado investidor de modo profissional, tenha um olhar local e global, esteja atento ao ambiente que o rodeia. Até mesmo no seu bairro pode ter um submarino prestes a emergir.