Autor: Marcel S. Cabral
Vivenciamos a era da informação, isso já sabemos!
Alvin Tofler, em seu best-seller A Terceira Onda (e ele retratou uma quarta onda também), mencionou (lá em 1980) que uma das revoluções que a sociedade viveria (além da agrícola e da industrial) é justamente a que trata do trabalho com dados, geração de informação e conhecimento com o uso de distintas tecnologias. A chamada Revolução Digital!
Nesse contexto e considerando os dias de hoje, talvez um dos grandes dilemas seja o uso eficiente da enorme quantidade de dados que temos para a tomada de melhores decisões.
Já é um clichê dizer que somos bombardeados com inúmeros dados e informações a todo momento. Um exemplo que caracteriza isso é o feed de sua rede social.
Talvez você esteja se perguntando, o que isso tem a ver com finanças?
Pense, por exemplo, no empréstimo que você toma no banco, na compra de uma ação negociada em bolsa, nos investimentos que as empresas fazem. Para decidir algum desses eventos você precisa de informação (ressalvados os casos em que agimos por impulso).
A obtenção dos dados para a geração de informações pode vir de um número infindável de fontes, que em resumo podemos dividir em: primárias (as que os publicam pela primeira vez) e; secundárias (as que replicam o dado ou a informação).
Na era das redes sociais, o uso dessas mídias como fonte de consulta é um acontecimento que influencia também as decisões dos investidores.
Nesse sentido um curioso estudo denominado “Intraday online investor sentiment and return patterns in the U.S. Stock Market” escrito por Thomas Renault, pesquisador da IÈSEG (uma escola de administração localizada em Paris) e publicado no Journal of Banking and Finance, apresentou um modelo para medir o sentimento dos investidores às mensagens postadas na rede social e como esse sentimento pode afetar o retorno intraday das ações (quem faz day-trading entende bem essa história de intraday).
Para realizar o estudo, o autor se utilizou de mensagens publicadas por mais de 230 mil usuários de um blog denominado StockTwits que atinge uma audiência de mais de 40 milhões de pessoas pela web.
Simplificando a descrição do processo do pesquisador, a partir da expressão dos sentimentos dos usuários do site em relação a um mercado baixista, neutro ou altista Thomas criou uma medida para avaliar de que modo a mudança desses sentimentos ao longo do dia (expressa na média de todas as mensagens) influencia o retorno do contrato futuro do S&P (principal indicador do mercado americano, quiçá do mundo).
O resultado é, no mínimo, intrigante. Uma das conclusões que ele chega, usando um modelo econométrico (vocês precisam entender isso), é que a mudança do sentimento dos usuários na primeira meia-hora prediz o retorno do contrato futuro do S&P500 na última meia-hora.
Se parece grego eu digo de outra forma. Basicamente, é afirmar que se o humor dos usuários melhora na primeira meia-hora (eles saem de baixista para altista), o mercado tende a subir também na última meia-hora.
Tudo isso, consultando dados que estão aí, disponíveis para milhões de pessoas.
De fato vivemos já há algum tempo a revolução digital, com outras vindo adiante.
O desafio é descobrir o que vem. Se Tofler estivesse vivo, eu o adicionaria nas minhas redes sociais!