Paixão, racionalidade e mercado!

Autor: Marcel S. Cabral

Quantas canções falam de paixão?

Aquele arrebento que faz nascer borboletas no estômago, as pernas balançarem e o fôlego acabar. Aquilo que nos faz cometer loucuras que em outras situações evitaríamos.

Herbert Vianna já dizia:

“Há quem não veja a onda onde ela está

E nada contra o rio...”.

E quem nunca enfrentou correntezas, cometeu loucuras e sentiu calafrios por alguém?

Falar desse tema é falar de emoção. E aqui, você pode achar óbvio que o assunto tem relação com o mercado.

Isso é verdade.

Quando estamos apaixonados agimos em função das emoções que nos dominam.

Existe até uma discussão se as emoções exercem um efeito perturbador e desorganizador ou se elas organizam nossos comportamentos tanto quanto um motivo.

Essa dicotomia, vi neste final de semana, ao ler algumas páginas de um livro chamado Motivação e Emoção, escrito por Edward J. Murray. Um texto relativamente antigo (de 1978), mas que ajuda a entender alguns de nossos comportamentos.

O conceito que ele traz sobre emoção é extremamente esclarecedor. Ele afirma que as emoções são reações fisiológicas e psicológicas que influenciam nossa percepção, aprendizagem e desempenho.

Mesmo assim, aponta que há muita discordância entre as áreas de pesquisa dela. Alguns afirmam que ela é um processo diferente da motivação, outros que ela é uma classe da área da motivação, há também os que a definem em termos dos sentimentos experimentados pelo indivíduo e os que as vêem como transformações físicas no corpo.

Mas aqui você deve estar se perguntando (talvez já sabendo da resposta), qual a relação dela com os mercados?

O ponto principal é que a emoção afeta o comportamento. Recorde-se do que você sentiu e fez quando reviu alguém que gosta.

Nos mercados, somos acometidos a todo instante por um mar de emoções, sejam elas o conceito que for.

Pensando nos efeitos fisiológicos das emoções, nossos batimentos cardíacos tendem a aumentar se estamos em alguma operação de elevado risco. Nos efeitos psicológicos, podemos sentir medo de entrar em alguma operação, com receio de perder dinheiro, travando diante de algumas situações.

Para melhor entender esses processos, talvez compreender os mecanismos cerebrais na emoção auxilie.

Tais mecanismos envolvem o sistema límbico (que abrange partes do tálamo, do hipotálamo e do córtex cerebral) junto com o sistema reticular da motivação, sendo o primeiro responsável por questões associadas a prazer e dor, enquanto o segundo por manter um estado de alerta, dentre outras situações.

Assim, é humanamente compreensível entender o porquê temos sensações diversas com as operações em ambiente de bolsa, sendo até influenciados por tais emoções.

Toda essa discussão já foi reforçada em outros estudos, como os de Kahneman, por exemplo, que questiona a racionalidade dos investidores (podendo ser entendida como o fato de que os investidores tendem a maximizar sua satisfação).

Também Justin Fox, autor do livro: “O mito dos mercados racionais: uma história de risco, recompensa e decepção em Wall Street”, reforça (e apresenta) algumas contestações sobre a racionalidade dos investidores.

De fato, para você que opera ou investe e "é" ser humano, não há como deixar de lado a emoção, entenda isso.

Como Herbert  Vianna e tantos outros cantores também dizem, você deve “Saber amar...”.