Reflexões sobre os dilemas provocados pelo Covid-19

Autor: Marcel S. Cabral

Estamos em tempos instáveis, provável que o mais incerto de nossa geração!

Os efeitos que o Covid-19 têm ocasionado para muitos são únicos e nunca antes vivenciado.

O distanciamento social, com seus reflexos econômicos tem provocado um aumento da incerteza em todo o globo.

No Brasil não é diferente. As diversas projeções, sejam elas na área da saúde ou da economia, também são muito incertas.

Não sabemos que proporção o contágio pode alcançar, embora a curva seja exponencial e, nem temos dimensão de qual será o PIB ao fim deste ano.

Aqui, e no mundo todo, usando um termo do mercado, os governantes enfrentam um trade-off gigantesco, ou seja, um grande dilema, seja ele: relaxar as restrições de isolamento ou não?

Vários são os textos e ideias que polarizam essa discussão, mas um vídeo de um empresário brasileiro me chamou a atenção ontem antes de dormir, usando um termo que até então não tinha ouvido falar: lockdown vertical.

Lockdown trata justamente da situação que vários de nós temos enfrentado nesses últimos dias: o isolamento social em nossas residências.

Tal situação inibe vários trabalhadores de desenvolverem suas atividades nas pequenas, médias e grandes empresas Brasil afora. A possível consequência disso no médio prazo temos visto dia a dia nos jornais: falência generalizada e demissões em massa em nossa economia.

E suas consequências são graves. Um estudo intitulado Effect of economic recession and impact of health and social protection expenditures on adult mortality: a longitudinal analysis of 5565 Brazilian municipalities revelou que o acréscimo de 1% na taxa de desemprego, provoca um aumento de 0,5% na taxa de mortalidade.

Mas o que fazer para evitar isso e seus efeitos colaterais, diante da Pandemia?

A resposta a essa pergunta certamente não é nada fácil.

Uma das formas que temos visto é através dos estímulos financeiros ao redor do mundo.

Além deles, o vídeo que vi discute a ideia de voltar a liberar a população economicamente ativa que precisa voltar aos seus locais de trabalho, mantendo o grupo de risco de modo isolado, talvez até a descoberta da vacina. Esse foi um dos conceitos de lockdown vertical que encontrei.

Ainda assim restam dúvidas sobre uma série de questões desse processo, tal como: De que modo isolar o grupo de risco? Que medidas de proteção ao contágio esses trabalhadores teriam? Quais os reais efeitos do contágio na população que retornaria ao trabalho? Dentre outras situações.

É certo que nem todas as famílias e nem todas as empresas têm boas estruturas para resolver essas questões.

Mas embora a incerteza ainda permaneça, o avanço nas discussões de como resolver ambos dilemas deve ser célere e responsável. Só assim para caminharmos na mesma direção e diminuir os impactos que afetam a todos nós.