Autor: Marcel S. Cabral
Não há nada mais incerto do que prever o futuro!
Já escutei essa frase em várias situações, mas nunca me recordo de sua autoria.
Vista como um paradoxo, ela é uma menção perfeita a vários fenômenos da natureza, incluindo a oscilação de preços em ambiente de bolsa de valores.
Diferente de outras áreas, a exemplo da física, os fatores que afetam a rota dos meteoros do mercado financeiro talvez sejam mais imprevisíveis do que os que têm impacto sobre a trajetória da Terra ao redor do Sol.
Sabemos exatamente qual o ponto, em relação ao sol, no qual a Terra se encontrará daqui há seis meses, mas não sabemos qual será o valor preciso do Ibovespa nesse mesmo intervalo de tempo.
Assim sendo, qual a razão dessa incerteza?
Talvez uma explicação seja a de que a variedade de eventos extraordinários é mais comum de acontecer nos mercados do que no universo. Isso quer dizer que fatos inesperados são mais prováveis em ambiente de bolsa do que na astronomia, até o momento.
Exemplificando, vimos recentemente que um vírus novo afetou a saúde global com reflexos em várias economias, um evento totalmente inesperado.
Já no nosso sistema solar aparenta ser mais incomum observarmos um novo astro, como um cometa por exemplo, que apresente uma rota antes não identificada. Talvez a maioria daqueles que poderiam gerar impactos inesperados já foi mapeada.
Mesmo assim, no ambiente de bolsa de valores, o que devemos observar para tentar diminuir essa imprevisibilidade?
Esses itens a serem monitorados podem ser chamados de determinantes.
No caso das ações, vários são os autores que os citam, mas para mencionar alguns estudiosos, Elton, Gruber, Brown e Goetzmann mencionam que o preço desses títulos é uma função do: nível de rendimento de uma empresa, dos dividendos, do risco, do custo do dinheiro e da taxa de crescimento futura.
Percebam que a maior parte desses itens pode ser mais confiável, representando dados que refletem o presente, com exceção de uma: a taxa de crescimento futura da empresa.
Desse modo, como determinar tal taxa?
As metodologias, em sua maioria, compreendem observar o histórico de crescimento para projetar o futuro.
Mas tão relevante quanto tal observação, outro aspecto importante de se considerar compreende monitorar os aspectos de governança da empresa.
Como quem são os executivos que estão no comando delas? Qual é a expertise desse time? Serão eles competentes a ponto de manterem o ritmo de crescimento observado, ou até mesmo elevá-lo durante um determinado período? Que tipo de procedimentos internos a empresa tem? Eles permitem uma fiscalização mais rígida contra atos que afetem os investidores?
Mais ainda, numa tentativa de visualizar taxas mais elevadas que as anteriores para um futuro próximo, podemos fazer outros questionamentos como: há investimentos para expansão das atividades da empresa que são previstos adiantes? Existem projetos inovadores que possam gerar vantagem competitiva frente aos concorrentes?
Essas são algumas indagações que podemos fazer ao tentar definir qual a taxa de crescimento futuro da empresa.
E, mesmo que o futuro seja a coisa mais difícil de ser prevista, tente, quem sabe você descobre um novo meteoro!