Autor: Marcel S. Cabral
Ibovespa é um nome bastante popular dentre aqueles que acompanham a nossa bolsa de valores. Reconhecido índice do nosso mercado, possui mais de 50 anos de existência, completados no ano passado.
Dizer que os índices têm um papel fundamental para as operações é um clichê, quem está no mercado sabe disso.
Usando termos técnicos, esses indicadores são proxies do mercado, ou seja, utilizamos eles em substituição a uma análise de todos os negócios de uma economia, já que avaliar todas as empresas é um processo bem difícil.
No caso do mercado brasileiro, hoje o Ibovespa representa o que aconteceu com 65 papéis de distintos setores, lembrando que nossa bolsa tem mais de trezentas empresas listadas e alguns outros índices.
Mundo afora, temos o Nikkei (N225) da bolsa de Tóquio, o Hang Seng (HSI), da bolsa de Hong Kong , o DAX, da bolsa de Frankfurt, o FTSE, da bolsa de Londres o S&P 500, da bolsa de Nova York, dentre outros.
A quantidade de ações que compõe cada índice oscila e é definida de acordo com a metodologia da bolsa em questão que, nos casos citados, pode variar de 30 empresas até 500.
Certamente, o mais expressivo é o S&P 500 pelo fato de retratar a maior economia mundial que tem influência sobre, praticamente, todos os outros mercados.
Mesmo dentro de cada bolsa podemos observar uma relação entre as ações nela negociada e o índice que mede o comportamento de uma cesta de papéis, tal como nosso Ibovespa.
Existem diversos estudos que tentam analisar de que maneira ocorrem essas relações. Provável que o mais emblemático deles seja o trabalho de William Sharpe, feito em 1964, chamado “Capital asset prices: a theory of market equilibrium under conditions of risk.” Esse trabalho apresentou um modelo matemático para explicar a precificação dos ativos, em função da sua relação com o mercado. O conhecemos como CAPM.
Um achado importante nele, que ainda é discutido até os dias de hoje, foi a medida de sensibilidade de determinado ativo em relação à uma carteira teórica do mercado, o beta. Em outras palavras o beta diz respeito a quanto varia um papel dada a oscilação da carteira teórica, o Ibovespa, por exemplo.
Profissionais diversos do mercado financeiro, incluindo traders, o utilizam para tomar suas decisões de investimento, dentre outras questões.
A existência do modelo pressupõe uma medida de retorno da carteira de mercado.
No dia a dia, para fins práticos, o retorno da carteira de mercado utilizado no modelo compreende o retorno da carteira que é formada pelos índices citados, é dizer, por exemplo, quanto variou o Ibovespa em determinado período.
Existem outras implicações quando falamos dos índices, como, por exemplo, a relação entre eles e os contratos que derivam deles, como os índices futuros, por exemplo.
A teoria reflete que tais contratos têm embutido em seu valor a cotação do índice à vista mais um juros pelo prazo até o vencimento. Saber o valor justo do contrato futuro, requer calcular a taxa de juros equivalente ao período.
Outra questão adicional dos índices são as negociações dos exchanged traded funds, mais conhecidos como ETF´s, um instrumento que reflete o índice a qual se refere.
Para operadores de mercado, saber dos índices aqui citados e dos instrumentos que podem ser negociados com base neles, talvez seja algo comum, um clichê.
Já para quem conhece pouco sobre os índices e seus instrumentos, torço para que logo, logo isso vire clichê para vocês também.