Brumadinho, riscos e sustentabilidade!

Autor: Marcel S. Cabral

Quando uma vida é ceifada, sonhos e possibilidades infinitas também se vão. Aos amigos e parentes próximos que ficam restam as boas lembranças, o reforço da fé e a coragem para seguir adiante nesta vida com a ferida aberta.

Escrever sobre casos como o de Brumadinho é dolorido, difícil e sensível.

Mas não falar sobre é negligenciar uma situação que serve de alerta para pessoas de distintas áreas, sejam gestores, investidores, agentes públicos ou não.

Recebo, quase que diariamente, uma série de estudos sobre temas diversos. Alguns deles me chamaram a atenção hoje: os de sustentabilidade.

Provável que a maioria dos que estão lendo esse texto deve ter uma ideia do que seja a sustentabilidade.

Reforçando seu conceito, ela compreende a ideia de utilizar os recursos de hoje de um modo que as gerações futuras também o possam usar.

Nesse escopo as decisões sobre sustentabilidade estão ancoradas em um tripé denominado triple bottom line. Tal tripé compreende as dimensões social, ambiental e econômica.

Em gestão, pensamos muito em métricas, ou seja, números e maneiras de medir, mas em casos como o da barragem rompida as agressões contra a sustentabilidade tornam-se imensuráveis. As potencialidades das vidas que se foram não podem ser quantificadas.

Sem falar nos efeitos dos mananciais que foram poluídos. Talvez a única coisa que dê para quantificar seja o efeito financeiro/econômico, como um novo Valuation (embora precisemos aguardar algumas informações para definir novas premissas), e a oscilação da cotação imediata da VALE3 que caiu 25% hoje, ou seja, um quarto do seu valor de mercado em um dia.

A recorrência do caso da Vale evidencia, mais ainda, o quão importante é o esforço que os gestores de empresas devem ter com a questão do risco, mas não como algo secundário, é necessário ir além.

A Vale mesmo já desenvolve ações pensando no risco socioambiental que, inclusive, são reportadas em seu relatório anual de sustentabilidade, com diretrizes emitidas pelo Global Report Initiative – GRI que, para o caso de Brumadinho, não foram suficientes para impedir a reincidência do rompimento da barragem.

As ações de prevenção que sejam mais eficazes para mitigar determinados riscos, podem não ser as mais eficientes, ao ponto de executivos e empresários tomarem as decisões do que implementar baseados em análises custo-benefício que não refletem as realidades as quais eles estão sujeitos.

Não sei se é o caso da Vale, temos ciência de que só uma investigação mais profunda vai apresentar as causas do acidente, mas esse evento deixa lições as quais não gostaríamos de aprender do modo como estamos vendo.

Solidariedade a Brumadinho!