Autor: Marcel S. Cabral
Afinal, o que é necessário para ser um trader?
Tenho visto uma infinidade de notícias sobre o tema nos últimos anos e, basicamente, elas compreendem duas áreas: conhecimento técnico e a questão emocional.
Tentando não cair no clichê, mas tal como outras profissões, o conhecimento de técnicas operacionais é um fator primordial para desenvolver a atividade de trader, que em sua tradução mais literal, trata do sujeito que negocia algo. No nosso caso, ativos financeiros em ambiente de bolsa de valores.
A quantidade de técnicas para negociar nesse ambiente é tanto quanto a nossa mente possa imaginar. E, para facilitar, podemos pensar nelas segregando os horizontes temporais de duração das operações, o que implica avaliar, por exemplo, técnicas para operações de curto prazo e longo prazo ou nos conceitos distintos de traders, sejam eles especuladores ou investidores.
Nesse sentido, pense que o especulador é o sujeito que quer obter lucro através da oscilação de preço dos ativos que negocia, tal como o day-trader que, como característica relevante, não está totalmente preocupado com as perspectivas futuras de determinado ativo, não que isso seja ruim para o mercado, pois ele é um dos agentes que oferece a liquidez das negociações.
Enquanto o investidor, pelo contrário, dá mais peso às perspectivas futuras de determinado ativo, quiçá, focado na geração de fluxo de caixa do ativo a qual tenha feito um investimento, Warren Buffet é um exemplo clássico dessa ideia.
Assim sendo, as técnicas de curto prazo podem compreender a observação de uma série de variáveis do ativo ao qual o trader esteja atento, tais como: cotação, volatilidade, correlação entre distintos ativos, volumes negociados, players atuantes, variáveis decorrentes do preço, do tempo, etc.
Se o trader se utiliza de gráficos para tomar a sua decisão, as técnicas se ampliam, pois ele pode querer utilizar um gráfico de linhas, barras, candle, renko ou footprint, ou até mesmo combinar alguns deles e, em distintos tempos gráficos. Já se é um puro seguidor de fluxo, seu foco está na leitura da fita (o famoso tape reading) com o objetivo de identificar quem são os players relevantes que compram ou vendem determinado papel.
Com todo esse conjunto de variáveis, decidir o que observar e usar pode trazer confusão, isso sem falar de outras técnicas de longo prazo.
Provável que por isso muitos traders iniciantes acabam por se desgastar emocionalmente, buscando, em alguns casos, algumas referências de mercado para encontrar a sua receita de bolo.
Novamente, sem tentar ser clichê, entendo que aprender sobre as distintas técnicas é relevante, pois o mercado muda e o repertório que antes funcionava, pode não ser o ideal em certos períodos.
A outra característica bastante disseminada sobre as operações trata da questão emocional, como citei lá no início.
A relevância desse tema certamente tem seu nascimento com as ideias sobre as finanças comportamentais, que tratam dessa área considerando que o investidor não é um ser totalmente racional.
Podemos citar alguns expoentes nesse campo como o Daniel Kahneman e Richard Thaler, dois premiados pesquisadores do assunto.
As pesquisas desses autores têm contribuído para que nós, como traders, saibamos como lidar com as emoções na hora da tomada de decisão, seja para comprar um ativo, vendê-lo, aumentar ou diminuir uma posição, prorrogar o lucro ou minimizar o prejuízo.
Várias são as situações apresentadas por eles que exemplificam nossa auto-sabotagem, a qual prejudica nosso processo de tomada de decisão em questões financeiras, com seus efeitos monetários ruins como bem podemos imaginar.
Assim, com as técnicas em mãos e conhecendo as questões da mente, podemos avançar para a montagem do plano (sempre com a gestão do risco) e sua execução, porque depois (ou até mesmo junto) da teoria o que vem é a prática.
Bons trades!