Bolsa, bitcoin e black friday: algo em comum?

Autor: Marcel S. Cabral

Sou um eterno curioso. Quero entender em profundidade o funcionamento dos fenômenos que nos rodeiam por isso também enveredei pela área acadêmica, afinal, é o que a ciência se propõe a resolver.

Digo isso porque ontem, após divulgar um vídeo no stories do nosso Instagram, resgatei uma reflexão que venho fazendo há algum tempo:

Por que temos mais pessoas cadastradas em corretoras de criptomoedas do que na nossa Bolsa de Valores?

A nossa bolsa tem uma história mais longa que as corretoras de criptomoedas. Sua criação data de 1890, mais de um século de existência, enquanto as criptmoedas têm aproximadamente uma década de vida, sendo a sua mais emblemática criação, o Bitcoin, nascida em 2009.

É certo que as negociações em bolsa ganharam relevância após a reforma do sistema financeiro nacional, que inicia com a criação do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central em meados dos anos 60 e acelera com a publicação da lei das sociedades por ações (lei 6404) e a criação da CVM em 1976.

Mas hoje, na Bolsa de Valores, temos aproximadamente 700 mil CPF´s cadastrados, enquanto nas corretoras que negociam criptomoedas já passamos da casa do milhão, segundo dados delas próprias.

É dizer que só 0,35% da população brasileira investe em bolsa. Muito pouco.

Com tal cenário surgem algumas hipóteses.

Seria por questões culturais? Pela renda? Pela publicidade sobre o mercado?

Difícil dizer, só uma pesquisa para explicar com credibilidade quais são os motivos.

Mas podemos refletir sobre algumas questões.

Tratando das corretoras de critpos, talvez a principal explicação para se ter mais gente do que na Bolsa de Valores seja reflexo do meteórico crescimento do Bitcoin, que acabou despertando o interesse de muitos investidores.  

Mesmo com valorizações expressivas em alguns ativos da bolsa (tá certo que mais de 1500% em um ano é difícil obter nesse mercado), a força com que a notícia do Biticoin se disseminou pode ter gerado muito mais publicidade do que todo o esforço que já foi feito para se investir em ações e outros títulos negociados na bolsa de valores.

Um detalhe curioso é que, tratando dessa valorização expressiva das criptos, me vem recordações de alguns estudos sobre os anos 20 do século XX, denominado roaring tweenties, que, antes da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, provocou uma euforia nos norte-americanos, a ponto de pessoas importantes da época afirmarem que o mercado era eternamente altista.

A euforia que contagiou as pessoas a investirem em criptomoedas deixou muita gente rica, mas também fez quem tomou a decisão de investir um pouco mais tarde perder muito dinheiro.

Os tempos mudam, mas o comportamento das pessoas em questões de investimento aparenta ser semelhante.

Hoje temos mais evidências que as emoções dos traders influenciam os níveis de preço de determinados ativos.

Somos impulsivos em uma série de questões, incluindo questões de compra de bens. Como exemplo, podemos ver as filas que se desenrolam em tempos de promoções, como agora na Black Friday.

Pensando nisso, em decisões de investimento ou consumo é sempre válido avaliarmos se estamos tomando nossas decisões de modo racional. Questione os motivos do investimento, das operações de trading ou da compra de uma TV, certamente isso vai te ajudar a obter as coisas que almeja e que realmente são necessárias.

Por sinal, para quem comprou, aproveitem os presentes dessa sexta-feira. Já quem não comprou, saiba que você economizou!