Autor: Marcel S. Cabral
Esse último fim de semana foi bem intenso. Depois de ministrar uma aula sobre custo de capital no interior do meu estado, dormir por três horas e viajar por 5h, voltei para minha cidade para assistir um evento sobre empreendedorismo, que contou com a presença de mais ou menos 2 mil pessoas.
O evento, organizado por jovens com conexões globais e muita vontade de fazer acontecer, discutiu temas sobre motivação, liderança, vendas, marketing, psicologia positiva, gestão empresarial, captação de recursos, dentre outros temas.
Um dos ápices foi a apresentação de três pitches, ou seja, a tentativa de alguns empresários de captar recursos dos investidores para seguirem com seus projetos.
Esse painel trouxe nomes relevantes do cenário nacional do empreendedorismo, dentre eles, investidores que têm participado do Shark Tank Brasil, programa que popularizou a ideia de investimentos em start-ups no cenário nacional.
Nenhuma das três apresentações conseguiu angariar os recursos dos investidores. Apesar disso, o aprendizado aos três negócios certamente foi de grande valia.
E a reflexão que cabe nesse texto é: como obter recursos dos investidores?
Antes disso, nós, como empresários, precisamos entender bem quais são as fontes de capital existentes. Para isso, observemos a tabela abaixo:
A figura representa a clássica visão do balanço patrimonial, um importante demonstrativo financeiro das empresas.
Captar recurso no modelo do programa Shark Tank, ou dos pitches feitos no evento, significa dizer que os investidores vão colocar capital próprio no negócio, aumentado esse patrimônio líquido.
A outra fonte, capital de terceiros, são os empréstimos que podemos fazer, como por exemplo, via BNDES, que foi até citado em uma das apresentações.
A decisão de investimento em uma empresa, por parte de um grupo de investidores, requer entender qual o estágio atual dessa empresa.
Uma empresa, embora com princípios perenes, ou seja, de durar até a eternidade, é entendida como um organismo vivo o que significa dizer que ela tem uma fase inicial, de crescimento, de maturidade e de declínio, conforme mostra a figura abaixo.
Em geral, investidores como os do evento, buscam projetos que estejam no início da sua fase de crescimento, para, talvez adiante, vender sua participação a outros grupos, quando seu valor for maior.
Os empresários que desejam captar recursos desses investidores tem que ter a ciência de qual é o momento da empresa.
Isso vai permitir ter uma ideia de como será a taxa de retorno sobre o investimento feito.
Para entender melhor o que motiva tais investidores, reflita sobre o seguinte: eles têm inúmeras opções que apresentam riscos menores de investir os seus recursos, desse modo, o que poderia atraí-los para o nosso negócio?
A resposta dessa pergunta é um exercício interessante, faz a gente pensar em qual é o nosso diferencial. Se tivermos algo que não pode ser copiado, navegaremos no Oceano Azul, aquele em que não há concorrência sangrenta.
Certamente, isso é difícil responder e, mais ainda, difícil de alcançar.
Como nem sempre conseguimos navegar nesse Oceano Azul, um caminho que podemos perseguir é descobrir qual é o nosso ROIC, ou seja, qual a taxa de retorno sobre o capital investido.
Para calcular o ROIC, temos que vislumbrar cenários futuros e transformá-los em números.
Certamente, com os números na mão, teremos mais base para convencer os investidores, pois o que realmente importa para eles é saber se a nossa TIR, ou seja, a taxa interna de retorno vai ser maior do que a TIR que eles podem obter investindo em um projeto semelhante.