Autor: Marcel S. Cabral
Estamos em plena temporada de publicação dos resultados trimestrais das empresas listadas em bolsa.
Esse período ocorre porque tais empresas são obrigadas a publicar, periodicamente, seus demonstrativos financeiros.
A motivação, além do aspecto legal, é de que as informações das empresas têm que chegar, ao mesmo tempo, para todos os investidores. A teoria de mercados eficientes considera isso.
Publicados os relatórios, interpretá-los requer noções de finanças e contabilidade.
O primeiro passo é conhecer do que tratam os demonstrativos.
Temos que saber o que é um balanço patrimonial, um demonstrativo de resultado de exercícios (DRE) e um demonstrativo de fluxo de caixa, sendo esse último um elemento bastante utilizado pelos financistas e investidores de longo prazo.
O segundo passo pode envolver a análise isolada de cada um deles.
No balanço patrimonial, temos descrito ali os valores de bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido de determinada empresa, considerando certo momento.
Através do balanço podemos avaliar se a empresa está muito endividada, se tem recursos suficientes para cumprir suas obrigações de curto prazo, dentre outras questões.
Observando o demonstrativo de resultados, podemos ver se a empresa foi lucrativa em determinado período, se a margem que ela apresenta, ou seja, a relação entre lucro e receita, por exemplo, é elevada ou não, se ela tem despesas financeiras que fogem das suas operações, entre outras informações.
No terceiro passo podemos analisar os relatórios de modo combinado.
Nesse sentido, algumas informações podem ser obtidas observando a relação entre ambos demonstrativos, como, por exemplo, qual a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido, ou seja, qual o lucro sobre o investimento dos sócios.
Para o financista e investidor de longo prazo, uma informação importante compreende o fluxo de caixa gerado pela empresa. Para calculá-lo é necessário conhecer alguns termos usados no ambiente de finanças como NOPAT, EBIT, CAPEX, por exemplo, que significam, respectivamente, o lucro gerado pelas operações da empresa descontado o imposto de renda, o lucro antes dos juros e imposto de renda e o investimento em bens de capital.
Como quarto passo, focado em decidir investir ou não em certa empresa, podemos avançar capturando outros dados de mercado.
Desse modo, outro elemento que podemos obter para analisar melhor os resultados compreende o custo de capital das empresas, calculado combinando o custo do capital de terceiros (custo da dívida) com o custo do capital próprio que é obtido, em alguns casos, com o uso de uma metodologia específica, o CAPM.
Mais ainda, com o uso de dados do mercado e os relatórios financeiros, podemos avaliar determinados índices que servem de referência para filtrar algumas empresas com base em alguns critérios. Isso pode envolver se elas são boas pagadoras de dividendos, se estão sendo subavaliadas em relação ao valor patrimonial, dentre outras questões.
Importante observar também as notas explicativas dos auditores que avaliaram as finanças das empresas.
Com esse pequeno roteiro em mãos, agora é hora de ir ver os relatórios.