Negócio da China, será?

Autor: Marcel S. Cabral

No meio da semana passada li uma reportagem sobre a deflagração de um sistema que parecia um "negócio da China", com promessas de lucros de até 1000%.

A matéria falava sobre um grupo de pessoas que foi preso por captar dinheiro de investidores vendendo a ilusão de que estavam usando os recursos na exploração de um negócio em outro país.

Estima-se que mais de 25 mil pessoas, dos mais distintos perfis, foram lesadas.

A ilusão de retorno fácil e rápido atrai bastante gente e quem não conhece os conceitos básicos de investimento se torna presa mais fácil.

Retornos expressivos acontecem, basta ver a valorização nos últimos meses das ações da Magazine Luiza, e até mesmo do Bitcoin, que ainda é algo tentando ser compreendido por muita gente.

Nesses exemplos notamos uma coisa, tais retornos ocorrem por forças do mercado e não por promessas de alguém. Em tais situações compradores têm muito mais força que os vendedores, fazendo com que a cotação tanto das ações como da criptomoeda se elevem. É a clássica lei da oferta e demanda.

Por outro lado existem alguns títulos, emitidos por uma série de instituições, que têm suas rentabilidades expressas em contratos.

No mercado brasileiro as principais referências para a remuneração desses títulos são as taxas SELIC e DI, que nos últimos tempos saíram da casa de dois dígitos para o patamar de um dígito, em termos nominais, ou seja, sem levar em conta a inflação do período.

O mercado distingue esses dois tipos de produtos de investimento chamando o primeiro grupo de renda variável e o outro de renda fixa.

E saiba que nem mesmo a renda fixa tem garantia de retornar o que ela promete, sempre haverá um risco embutido.

Além de poder atuar diretamente comprando esses produtos, o investidor também pode entregar seus recursos para uma instituição investir de modo diversificado no mercado.

Com exceção de alguns casos, os títulos privados são registrados na antiga Cetip, atual B3, e os gestores de recursos são fiscalizados pela CVM.

Observar os registros nessas instituições é um caminho para diminuir o risco de estar investindo em uma “furada”.

Mais ainda, ter a ciência de que não há retorno garantido e sim uma probabilidade dele ocorrer é outra condição que te ajuda a distinguir os casos idôneos de outras situações semelhantes ao caso retratado no início do artigo.

Nem mesmo traders de alta performance sabem ao certo qual será o retorno das operações que fazem. Como classifica a matemática, para esses fenômenos os modelos são probabilísticos e não determinísticos, ou seja, não temos certeza de qual será o valor.

Markowitz, prêmio Nobel de economia e criador da Teoria das Carteiras, provou que em função da correlação entre determinados ativos, podemos diminuir nosso risco pela combinação entre eles. Provavelmente deriva dessa ideia o jargão de não investir todos os ovos na mesma cesta. Essa também sempre é uma boa dica para relembrar.