Autor: Marcel S. Cabral
Por vezes sou questionado se é preciso conhecimento matemático avançado para atuar em finanças. Quando me fazem perguntas do tipo, a primeira coisa que tento fazer é evitar o modo automático do sistema 1, como retratado por Kahneman.
Depois, ativo o sistema 2 e pergunto algo como: Com o que você gostaria de trabalhar?
Após algumas idas e vindas tenho respostas mais específicas de quem questiona, facilitando a avaliação para qualquer tipo de comentário.
Outras habilidades podem ser necessárias para o desenvolvimento de algumas atividades em finanças além da matemática, mas é preciso definir exatamente o que se quer.
Só que para isso precisamos conhecer as opções existentes, ou até quebrar paradigmas, criando novas.
Atento às existentes, vale destacar que o campo de finanças é amplo e uma de suas divisões é entre finanças corporativas e mercado financeiro. O primeiro trata de atividades voltadas para dentro das organizações enquanto o segundo compreende as atividades deste mercado de um modo geral.
Tempos atrás escrevi um artigo sobre as profissões compreendendo algumas atividades típicas de “mercado”. Lá falei sobre analistas, gestores, consultores e traders. Se não viu e tem curiosidade, ele está com o título: Profissões de finanças.
Nas organizações, os profissionais financeiros têm atividades que compreendem decisões sobre captação (financiamento) e aplicação (investimento) dos recursos, avaliando se vão obter capital através de novas dívidas ou por meio de novos sócios. Decidem se vão distribuir o lucro ou investir em novos projetos. Também contribuem para a definição dos preços de produtos e serviços além de controlarem os custos, dentre outras atividades.
Certamente, para algumas dessas atividades, a matemática financeira, contabilidade, estatística, econometria, cálculo, programação, e até mesmo a psicologia e outras áreas de administração são alguns campos do conhecimento que podem auxiliar o desempenho delas.
Saber que a tomada de decisão entre a distribuição de dividendos e o investimento em um novo projeto está pautada no retorno sobre o capital investido, ou de outro modo, sobre a taxa interna de retorno exige um conhecimento básico em matemática financeira.
Entretanto para negociar ações em bolsa de valores no day-tading tal competência não é necessária, mas saber usar uma plataforma de negociação e se atentar ao controle emocional são habilidades relevantes.
Estendendo os exemplos, conhecer a estrutura de custos de uma fábrica é relevante para precificar um produto, porém desnecessário se a sua atividade é orientar investidores a melhor alocarem os recursos deles, assim como saber programar pode ser fundamental para o profissional de uma fintech de crédito, mas não é pré-requisito se você trabalha em um banco tradicional oferecendo empréstimos.
Embora não necessário avançar em matemática ou outros campos do conhecimento para algumas atividades, certamente aprender mais dessas áreas contribui para o desenvolvimento da sua carreira.
Isso me lembra a máxima popular de que conhecimento nunca é demais!