Autor: Marcel S. Cabral
Periodicamente recebo algumas informações do mercado de capitais, incluindo dados da ANBIMA, sobre as emissões de valores mobiliários, seja no universo de renda fixa ou variável.
Vale observar, os dados são públicos.
Ao receber um e-mail com essas informações recentemente, tive a ideia de escrever um pouco sobre valores mobiliários e como é o processo de emissão, ciente de que tem muito mais a relatar.
O termo emissão, em seu sentido denotativo (aquele do dicionário), trata de pôr em circulação algo, fazê-lo girar.
No nosso caso, esse algo diz respeito aos valores mobiliários.
Ary Oswaldo Mattos Filho em seu trabalho de 1985 publicado na revista de administração de empresas, conceitua valor mobiliário como "o investimento oferecido ao público, sobre o qual o investidor não tem controle direto, cuja aplicação é feita em dinheiro, bens ou serviço, na expectativa de lucro, não sendo necessária a emissão do título para a materialização da relação obrigacional".
Para simplificar, digamos que valores mobiliários são títulos que as empresas estruturam e distribuem com o objetivo de arrecadar fundos.
Uma das curiosidades do estudo são os motivos pelos quais os europeus (possivelmente os criadores dos valores mobiliários) redescobriram tais títulos. Isso ocorreu, segundo o autor, devido ao entesouramento (costume de guardar as moedas de ouro e prata) e a questão da segurança no transporte de dinheiro.
Guardar dinheiro em algum lugar e ter cuidado com o transporte de moedas também são hábitos contemporâneos.
No sistema atual, basicamente, existem dois tipos de títulos: aqueles com o objetivo de captar recursos de terceiros (credores), pagando juros para quem os possuem, e aqueles que são disponibilizados para atrair novos sócios, remunerando seus portadores através de dividendos, por exemplo.
É certo que dentre tais tipos, há uma vasta divisão a partir da classificação de cada um, seja pelas características deles ou do processo de emissão.
Entretanto, pensando na emissão, algumas fases do macroprocesso são semelhantes entre eles e podemos exemplificar na estruturação e na distribuição dos valores mobiliários para os investidores que têm intenção em adquiri-los.
Com foco na busca por novos sócios, algumas empresas podem optar pelo IPO, um termo em inglês que significa Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial, que trata da primeira emissão de ações de uma companhia.
Esse processo envolve uma instituição financeira líder que coordena toda a operação, incluindo a montagem de um prospecto com o conjunto de informações da empresa emissora, precificação do valor considerado justo para a oferta e a reserva e distribuição para os investidores interessados.
A negociação inicial ocorre no denominado mercado primário e as subsequentes são feitas no mercado secundário, essas exemplificadas nas operações feitas pelos traders nas Bolsas de Valores.
Conhecer um pouco mais desses produtos e processos contribui para esclarecer as dúvidas que surgem quando quereremos entender mais sobre esse mercado. Porém, a decisão de que título comprar deve levar em consideração questões adicionais, além do entendimento sobre a emissão de valores mobiliários, tais como os riscos inerentes a cada um, que já é assunto para outro texto.